Os professores demostraram preocupação, interesse e comprometimento efetivo com a qualidade do ensino na sua prática escolar, visto a diversidade de projetos apresentados.
Como a grande parte dos Projetos versou sobre a Leitura, deixo como reflexão um texto de Gabriel Perissé, para aprofundarmos nossa discussão sobre este tema.
A leitura, sempre e de novo
Sobre a leitura nunquam satis (nunca se fala demais), e, praticando-a, já dizia Sêneca com relação à aprendizagem, nunquam satis discitur, nunca se aprende o suficiente. Leitura é infinito aprendizado. Sempre e de novo aprendemos com a própria leitura que ler é refletir, apreciar, admirar-se, sair do quase-conhecido para o melhor-conhecido.
Leitura no Brasil, então, é tema sobre o qual nunca se falará demasiado, pois ainda poucos são os nossos leitores plenos em comparação com o número de nossos habitantes. Podem-se abrir bibliotecas (e muitas deveriam ainda ser abertas, ampliadas, modernizadas), podem-se realizar campanhas nacionais incentivando a leitura, podem-se escrever livros e ensaios sobre o quão importante é ler, mas ninguém consegue (ainda bem!) obrigar alguém a ler. E um número enorme de brasileiros, como muitos de nós bem sabemos, leem pouco e leem mal. Segundo dados da Câmara Brasileira do Livro, entre a população adulta alfabetizada apenas cerca de 30% realmente gosta de ler e lê efetivamente.
No início de mais um texto sobre a leitura, analisemos dois dados dessa pesquisa “Retrato da leitura no Brasil”, realizada e divulgada pela CBL. Embora sejam apenas números, passíveis e até diria carentes de interpretação adequada e de contextualização, constituem uma fonte de informação aproveitável.
Diz a pesquisa que 17 milhões de brasileiros declaram não gostar de ler. Sabem ler, supõe-se, mas não gostam, não encontram prazer no contato com a cultura escrita, ficam indiferentes perante a possibilidade de lerem um romance, um poema etc. Não sabem saborear uma frase como, por exemplo, esta que tenho à mão — “Todo vivente forma uma atmosfera em torno de si”. Frase tão genial quanto simples, capaz de abrir perspectivas de pensamento, de compreensão do mundo.
Quem lê entra em contato com a atmosfera formada por aquele livro que tem entre as mãos. O livro é, de certa maneira, um ser vivente ou, mais precisamente, seguindo a terminologia de Alfonso López Quintás, o livro torna-se um âmbito, realidade não redutível a mero objeto. Desta realidade ambital emana uma atmosfera, e nela penetrando respiramos novos ares, alimentamos nossos “pulmões cerebrais” (que não se restringem ao cérebro...) de ideias, soluções verbais, sentimentos, imagens. O não-leitor corre o risco de asfixiar-se intelectual e espiritualmente por falta de contato com o oxigênio da leitura.
Pensando mais detidamente, esses 17 milhões de brasileiros (cifra que corresponde à população da Grande São Paulo, hoje, ou também à atual população do estado de Minas Gerais) não sabem ler, no sentido existencial da palavra. Não compreenderam, ou não tiveram a oportunidade real de aspirar os bons ares de uma boa leitura, e se encontram, no meu modo de entender, numa situação de profunda precariedade cultural e humana, embora, como já nos alertava McLuhan, devamos lembrar que a cultura não se restringe ao livro, manifestando-se nos meios de comunicação em geral, em festas populares, literatura oral etc.
Por outro lado, a mesma pesquisa, considerando a população alfabetizada brasileira maior de 14 anos ( 86 milhões), revela que nosso consumo de livros per capita é de 3,87 por habitante/ano. Passamos a maior parte do dia evitando a leitura, ou dela simplesmente apartados. Ignoramos a realidade do livro. Não vemos os livros que porventura estão ao nosso redor. Não nos embrenhamos diariamente nessas páginas das quais emana a atmosfera da linguagem viva.
Leitura no Brasil, então, é tema sobre o qual nunca se falará demasiado, pois ainda poucos são os nossos leitores plenos em comparação com o número de nossos habitantes. Podem-se abrir bibliotecas (e muitas deveriam ainda ser abertas, ampliadas, modernizadas), podem-se realizar campanhas nacionais incentivando a leitura, podem-se escrever livros e ensaios sobre o quão importante é ler, mas ninguém consegue (ainda bem!) obrigar alguém a ler. E um número enorme de brasileiros, como muitos de nós bem sabemos, leem pouco e leem mal. Segundo dados da Câmara Brasileira do Livro, entre a população adulta alfabetizada apenas cerca de 30% realmente gosta de ler e lê efetivamente.
No início de mais um texto sobre a leitura, analisemos dois dados dessa pesquisa “Retrato da leitura no Brasil”, realizada e divulgada pela CBL. Embora sejam apenas números, passíveis e até diria carentes de interpretação adequada e de contextualização, constituem uma fonte de informação aproveitável.
Diz a pesquisa que 17 milhões de brasileiros declaram não gostar de ler. Sabem ler, supõe-se, mas não gostam, não encontram prazer no contato com a cultura escrita, ficam indiferentes perante a possibilidade de lerem um romance, um poema etc. Não sabem saborear uma frase como, por exemplo, esta que tenho à mão — “Todo vivente forma uma atmosfera em torno de si”. Frase tão genial quanto simples, capaz de abrir perspectivas de pensamento, de compreensão do mundo.
Quem lê entra em contato com a atmosfera formada por aquele livro que tem entre as mãos. O livro é, de certa maneira, um ser vivente ou, mais precisamente, seguindo a terminologia de Alfonso López Quintás, o livro torna-se um âmbito, realidade não redutível a mero objeto. Desta realidade ambital emana uma atmosfera, e nela penetrando respiramos novos ares, alimentamos nossos “pulmões cerebrais” (que não se restringem ao cérebro...) de ideias, soluções verbais, sentimentos, imagens. O não-leitor corre o risco de asfixiar-se intelectual e espiritualmente por falta de contato com o oxigênio da leitura.
Pensando mais detidamente, esses 17 milhões de brasileiros (cifra que corresponde à população da Grande São Paulo, hoje, ou também à atual população do estado de Minas Gerais) não sabem ler, no sentido existencial da palavra. Não compreenderam, ou não tiveram a oportunidade real de aspirar os bons ares de uma boa leitura, e se encontram, no meu modo de entender, numa situação de profunda precariedade cultural e humana, embora, como já nos alertava McLuhan, devamos lembrar que a cultura não se restringe ao livro, manifestando-se nos meios de comunicação em geral, em festas populares, literatura oral etc.
Por outro lado, a mesma pesquisa, considerando a população alfabetizada brasileira maior de 14 anos ( 86 milhões), revela que nosso consumo de livros per capita é de 3,87 por habitante/ano. Passamos a maior parte do dia evitando a leitura, ou dela simplesmente apartados. Ignoramos a realidade do livro. Não vemos os livros que porventura estão ao nosso redor. Não nos embrenhamos diariamente nessas páginas das quais emana a atmosfera da linguagem viva.
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